Somos natureza! A natureza oferece infinitos conhecimentos sobre a vida e sobre nós mesmos. Observando seus ciclos, percebemos como estamos intrinsecamente ligados a ela. Acreditamos na natureza como um importante regulador de emoções. Em contato com ela, muitas crianças se sentem relaxadas e conseguem se conectar consigo de uma forma muito genuína. Nosso quintal vivo acolhe grama, terra, areia, vento, temperos, flores, pedras, lama, sol, um rio… Pequenos bichos nos visitam diariamente, despertando curiosidade, encantamento, algum estranhamento… Gostamos de brincar com elementos naturais, experimentamos e descobrimos relevos, texturas, cores, cheiros, aromas, sabores… Confiamos que a criança que tem a oportunidade de crescer em contato com a natureza desenvolve por ela um profundo respeito, gratidão e sentimento de pertencimento.

Tudo acontece a partir das relações. A forma como nos relacionamos conosco, com os outros, com os espaços, com os materiais, fala muito sobre quem somos e nos oferece oportunidades diárias de crescimento e de novas descobertas. Apoiamos as crianças a se descobrirem nesse imenso mundo das relações, e muitas vezes somos mediadores da comunicação entre elas, para que consigam se colocar diante de desafios, desconfortos ou limites, sendo guiadas e guiados pelo respeito e pela prática do cuidado. A convivência entre crianças de idades diversas traz potência aos encontros: elas aprendem muito umas com as outras! Cultivamos, também, uma relação próxima com as famílias e equipe, consideramos a escuta e o afeto importantes ferramentas para nos conectar com os outros.

De boca, de livro, com objetos; histórias do cotidiano, recontadas, inventadas… As histórias estão sempre presentes por aqui. Para muitos povos, elas são a principal forma de perpetuar saberes, valores e costumes, e vão sendo transmitidos de geração em geração através da oralidade. Histórias envolvem, encantam, ativam o imaginário, constroem mundos! Podem acontecer numa roda preparada por um adulto, ou surgir espontaneamente do desejo das próprias crianças - quando contam um causo ou abrem um livro para se lido sozinhas ou em companhia… Através das histórias, ampliamos repertórios, nos conectamos com emoções e sentimentos, nos permitimos experimentar, elaborar e descobrir novas formas de estar no mundo. Portas que se abrem para novas e abundantes criações, integrando passado, presente e futuro.

A Cultura Brasileira é vivenciada em nossa prática nas histórias, nas músicas e brincadeiras tradicionais da infância, nas investigações artísticas, inspirações estéticas, pinturas corporais, festividades escolhidas para celebrar com as crianças e famílias… Valorizamos e gostamos de compartilhar algumas referências da cultura popular brasileira, tão diversa e celebrada por todos os cantos de nosso imenso país. Cada vez mais, nos inspiramos nas culturas e influências dos povos indígenas e africanos, em reconhecimento às suas potências e como contraponto à cultura eurocêntrica e colonial. Acreditamos que conhecer e respeitar nossas culturas em suas diversas formas de expressão alimenta nossa humanidade e desperta a sensação de pertencimento.

Assim como as histórias, a música acontece de forma espontânea, natural e cotidiana. Basta alguém pegar um instrumento ou começar a cantarolar, que vai contagiando o ambiente e reunindo quem quiser participar. Pode chegar como convite - à dança, ao canto, ao movimento, à concentração, à roda ou brincadeira, ao experimentar os instrumentos - ou então como um embalo gostoso na hora de relaxar. Entendemos que a música é uma forma de expressão, de comunicação, de criação e conexão fundamental para ser experimentada na infância.

Há quem diga que as crianças carregam em si a criação; e nós confiamos nisso. Oferecemos tempo, espaços e materialidades para que elas possam criar contextos e brincadeiras a partir da própria intuição e imaginação. A criação é uma possibilidade das crianças expressarem seu mundo interno e materializarem o pensamento. Ao observarmos o ato de criar e brincar, vamos conhecendo as subjetividades de cada uma. Além das crianças, educadoras e educadores também têm espaço para a criação, a partir de suas próprias subjetividades, interesses, experiências e intuições.

Assim como na criação, ao construir, as crianças reúnem diversos elementos de sua experiência pessoal. A partir das escolhas dos materiais e de como vão usá-los, dando a eles novos significados, elas nos mostram seus modos de sentir, pensar, ver o mundo, se relacionar, descobrir e criar. Oferecemos uma variedade de contextos e materiais não estruturados, a partir dos quais elas exploram livremente: constroem, desconstroem, constroem novamente, experimentam de outros modos... No fazer e desfazer, criam pontes entre o concreto e o imaginário, construindo-se e compreendendo-se como seres vivos e agentes no meio em que vivem.

A cidade é nossa! Um território potente e disparador de muitas aprendizagens. Costumamos frequentar praças do bairro, ampliando o contato com a natureza oferecida pelos espaços públicos do entorno. Construímos novas relações com pessoas e com a cidade a cada passeio. Andar a pé pela rua, percorrer novos caminhos, visitar a feira, descobrir peculiaridades do nosso habitat… Nos reconhecer como cidadãos e cidadãs atuantes no meio em que vivemos é transformador. Também gostamos de visitar parques, museus ou exposições que consideramos relevantes para as pesquisas das crianças. Sabemos que os passeios são uma grande responsabilidade, por isso temos uma organização específica para esses dias; e somente participam deles as crianças autorizadas por suas famílias.

O que nos nutre? Para além do ato de comer, nos reconhecer como grupo, encontrar com amigos e amigas em volta da mesa, olhar nos olhos, papear, ritualizar esses momentos preciosos! Incentivamos as crianças a experimentar novos alimentos, convidamos a preparar frutas e receitas, oferecemos tempo para saborear e descobrir novos sabores; nos relacionando com a comida com curiosidade e respeito. Por aqui, hora do lanche e almoço são espaço de muitas trocas e aprendizagens. As crianças têm a oportunidade de se servir e alimentar sozinhas, e a partir dessa experiência passam a compreender melhor suas necessidades e desejos; o que e quanto as sacia. Valorizamos o cuidado com o espaço e o coletivo, por isso cada criança é responsável por lavar sua louça e utensílios individuais.

Referência que veio da Casa Redonda e por aqui ficou. Os toques sutis são uma oportunidade de perceber o próprio corpo, de se permitir relaxar e de confiar. Uma possibilidade de se conectar com o sutil e os mistérios que ele carrega. Além do toque com as mãos, cuidamos para oferecer outros materiais, que sejam os mais naturais possíveis: flores, folhas, ervas, penas, pedras, argila, areia, água com conta gotas, pincéis… Os toques sutis acontecem em nossa prática como um convite, ora feito pelos educadores, ora feito pelas crianças.